Me caiu uma loja nas mãos, uma loja cheia de peças, cheia de nome, com boa localização, mas também com várias pendências, todas elas ligadas a dívidas. Quando aceitei o desafio de desafundar essa loja, eu sabia que não seria fácil e também não seria rápido. Após dois anos de trabalho nela e com ela, hoje, recém hoje que começo a tomar consciência do que é meu e que ela precisa de cuidados. Não é um simples trabalho de abrir as portas e estar presente para a sociedade, é um trabalho que pede dedicação, pede atenção e acima de tudo: oração, carinho e empenho.

                Vos escrevo essas palavras pois hoje lavei o banheiro. Com o coração na mão, fiz o passo a passo. O pano estava jogado dentro do balde com água, terra e sujeira. Bem, peguei o pano e o detergente e comecei a lavar o pano. A água descia marrom. Tempos atrás minha mãe falava que a água tem o poder de levar energias negativas em bora. Senti isso quando via aquela água pesada cair do pano.

                Pano lavado, era hora de lavar o balde. Até o balde se encontrava sujo. Feitos os trabalhos básicos, era hora de encarar a parte pesada. Não sei há quantos meses aquele banheiro não ganhava cuidados. O legal é que da minha parte não é somente água, sabão e tá feito, mas é um banho espiritual também. Lavar algum produto é fácil, exige somente força física agora lavar um produto com alegria no coração, agradecendo as estrelas por este produto estar na sua mão, emanando boa vibra e sim aplicando água e sabão, isso é dar um banho espiritual. Acredito que este banheiro ainda não havia ganhado este tipo de banho. Esta loja tem seis anos de vida e sob a minha gestão tem dois e este certamente foi o primeiro banho dos deuses que ela ganha. Merecido. Esta loja é forte, guerreira e resistente.

                Colocando o texto nos trilhos da consciência, perceba: precisei me superar para conseguir lavar o banheiro. Lavar qualquer objeto, cuidar, dar banho e de sobremaneira um banheiro, é um ato de humildade e no meu caso, superação.

[continua]